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A Essência da Prece

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No Espiritismo, a prece tem um papel fundamental como meio de elevação espiritual, conexão com o Criador e auxílio aos que necessitam de amparo, seja no plano material ou espiritual. O Capítulo XXVIII do Evangelho Segundo o Espiritismo, intitulado “Coletânea de Preces Espíritas”, oferece uma visão detalhada sobre a função e a forma das preces dentro da doutrina espírita, destacando que, mais importante que as palavras, é a intenção sincera e o pensamento elevado.

A Importância da Prece no Espiritismo

Segundo os Espíritos, a forma da prece é secundária; o pensamento e a intenção são primordiais. O ensinamento central é que cada pessoa deve orar conforme suas convicções e de maneira que mais toque seu coração. Um pensamento puro e sincero é mais poderoso do que palavras vazias repetidas mecanicamente.

Muitas vezes, as pessoas se apegam a fórmulas rígidas de orações, acreditando que sem elas suas preces não serão ouvidas. Contudo, os Espíritos esclarecem que Deus acolhe qualquer prece feita com sinceridade, independentemente da sua forma. Essa orientação é uma reafirmação do conceito de que o Criador está acima das limitações humanas e aceita a devoção genuína, independentemente de rituais ou formas predefinidas.

A Diversidade de Preces no Espiritismo

O capítulo apresenta uma coletânea de preces que foram ditadas pelos Espíritos em diversas circunstâncias, servindo como guia para os que se sentem inseguros ou incapazes de expressar seus sentimentos por meio da oração. Embora essas preces sejam sugeridas, elas não são vistas como fórmulas absolutas, mas como exemplos que ajudam a fixar ideias e refletir os princípios da moral evangélica.

As preces estão organizadas em cinco categorias principais:

  1. Preces Gerais: Incluem orações como o “Pai Nosso”, utilizadas em reuniões espíritas ou em momentos de conexão coletiva com o plano espiritual.
  2. Preces por Aquele Mesmo que Ora: Pedidos de proteção aos anjos guardiões e Espíritos protetores, auxílio para superar defeitos e tentações, e gratidão por favores recebidos.
  3. Preces pelos Vivos: Dirigidas a pessoas que enfrentam dificuldades, como amigos, familiares, ou até mesmo inimigos, promovendo o perdão e a fraternidade.
  4. Preces pelos Mortos: Oração por almas que partiram, sejam elas entes queridos, inimigos ou Espíritos sofredores, sempre com o objetivo de ajudar em sua jornada espiritual.
  5. Preces Especiais pelos Enfermos e Obsidiados: Envolvem pedidos de cura e alívio para aqueles que sofrem fisicamente ou espiritualmente, seja por enfermidades ou obsessões espirituais.

Cada prece é precedida por um prefácio, uma espécie de explicação introdutória que contextualiza e dá sentido ao pedido ou agradecimento a ser feito. Isso ajuda a quem ora a compreender o verdadeiro alcance do que está pedindo e a importância da sua conexão espiritual naquele momento.

A Simplicidade e Clareza das Preces

Uma das grandes lições deste capítulo é que a prece deve ser simples, clara e direta. Como ressalta o texto, não há necessidade de enfeites ou de palavras complicadas. O objetivo é fazer com que cada palavra desperte uma ideia e toque uma “fibra da alma”, gerando uma reflexão profunda em quem ora. Preces longas e cheias de palavras podem perder o sentido, transformando-se em ruído vazio, caso não venham do coração e não gerem um sentimento verdadeiro.

Aqui, encontramos também uma crítica ao uso mecânico das orações, tão comum em diversas tradições religiosas. Muitas vezes, a pessoa move os lábios e repete palavras, mas seu espírito está alheio ao que está sendo dito. Essa desconexão entre a palavra e o sentimento é apontada como um dos principais obstáculos para que a prece cumpra seu verdadeiro papel.

O Universalismo da Prece no Espiritismo

O Espiritismo é uma doutrina inclusiva no que diz respeito à prática da oração. Não há imposição de uma única fórmula, nem rejeição às orações de outras crenças, desde que sejam feitas de coração. Para o Espiritismo, todas as preces sinceras, independentemente da religião ou tradição que as originou, são válidas e aceitas por Deus.

Essa visão universalista revela o espírito de fraternidade e amor ao próximo que permeia a doutrina espírita. Ao compreender que todos os caminhos que levam a Deus são dignos de respeito, o Espiritismo demonstra sua abertura e tolerância, incentivando a prática da prece como uma forma de elevação espiritual, que transcende as barreiras religiosas.

Reflexão Final

A prece, no contexto espírita, é uma ferramenta poderosa de transformação espiritual. Mais do que um ritual, ela é um ato consciente de elevação do pensamento a Deus, com o objetivo de buscar orientação, força ou expressar gratidão. O Capítulo XXVIII do Evangelho Segundo o Espiritismo nos lembra que não é a forma da oração que importa, mas a sinceridade com que ela é feita.

Ao entender essa lição, podemos aprimorar nossa prática de oração, tornando-a uma parte essencial do nosso desenvolvimento espiritual. Seja pedindo auxílio para nós mesmos, intercedendo por aqueles que amamos ou orando por nossos inimigos, a prece é sempre uma manifestação de amor, fé e esperança, que nos aproxima do Criador e dos ensinamentos do Cristo.

Fonte: KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XXVIII: Coletânea de Preces Espíritas. FEB Editora, 1864.

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