No mundo moderno, onde as informações circulam rapidamente e a busca por líderes espirituais cresce, o alerta sobre os falsos profetas e falsos Cristos nunca foi tão relevante. No capítulo XXI de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, temos um estudo profundo sobre esse tema. Mas como podemos identificar esses falsos mestres? Quais são os sinais que distinguem a verdadeira missão espiritual da falsa? Vamos refletir à luz dos ensinamentos de Jesus e da Doutrina Espírita.
A Parábola da Árvore e seus Frutos: O Guia para Discernir
Jesus, em suas parábolas, nos deixou lições atemporais sobre o caráter humano e espiritual. Ele compara a conduta das pessoas a uma árvore e seus frutos, como lemos no Evangelho de Lucas (6:43-45) e Mateus (7:15-20). A árvore que dá maus frutos não pode ser boa, assim como a árvore que dá bons frutos não pode ser má. Essa metáfora aponta para um princípio fundamental: as ações de uma pessoa revelam sua verdadeira natureza.
Da mesma forma, na análise dos líderes e guias espirituais, devemos observar suas atitudes, suas obras e o impacto que causam no mundo. Se promovem a paz, o amor e o crescimento espiritual, estão alinhados com a vontade divina. No entanto, se causam divisão, ódio e confusão, são como árvores que produzem maus frutos. Esse princípio é essencial para nos protegermos dos falsos profetas.
Falsos Profetas e Lobos em Pele de Ovelha
Jesus também nos alertou para aqueles que, disfarçados de “ovelhas”, são, na verdade, “lobos rapaces” (Mateus 7:15). Eles se apresentam de forma suave, cativante, usando o nome de Cristo ou de uma causa espiritual, mas seus corações estão corrompidos por interesses egoístas e ambições materiais.
Na Doutrina Espírita, compreendemos que esses falsos profetas podem surgir não apenas no plano físico, mas também na erraticidade, ou seja, entre os Espíritos desencarnados. Alguns espíritos inferiores tentam influenciar os encarnados com falsas revelações, causando confusão e desviando as pessoas do caminho do bem.
Exemplos de Falsos Profetas
A história está repleta de exemplos de líderes que, movidos por interesses pessoais ou ilusões de grandeza, seduziram multidões. Na própria Bíblia, vemos que Jeremias enfrentou falsos profetas que enganavam o povo de Israel com promessas vãs e falsas visões. Em nossa época, devemos estar atentos àqueles que proclamam revelações especiais ou se autoproclamam “o Cristo”, sem que suas vidas e ações correspondam aos ensinamentos de amor e caridade de Jesus.
A Missão dos Verdadeiros Profetas
Os verdadeiros profetas não se proclamam como tal. Eles são reconhecidos por sua humildade, sua entrega ao bem comum e por suas ações coerentes com os ensinamentos de Jesus. De acordo com o Espiritismo, os Espíritos superiores sempre buscam guiar a humanidade para o progresso moral e espiritual, respeitando o livre-arbítrio e promovendo o amor, a caridade e a verdade.
Esses mensageiros divinos, seja no plano físico ou espiritual, não buscam a glória pessoal. Seus ensinamentos são simples e claros, focados no desenvolvimento do ser interior e na prática do bem. Allan Kardec, ao codificar o Espiritismo, enfatizou a importância do discernimento e do estudo das mensagens espirituais, para que possamos distinguir o que vem de Espíritos verdadeiramente elevados do que é obra de Espíritos mistificadores.
Como Proteger-se dos Falsos Cristos e Falsos Profetas
A Doutrina Espírita nos oferece ferramentas valiosas para discernir o verdadeiro do falso no campo espiritual. Entre elas, destacam-se:
- O Estudo e a Educação Espiritual: O conhecimento das leis espirituais, como as apresentadas por Kardec, é fundamental para evitar ser enganado. Estudar o Evangelho e as obras da codificação espírita nos ajuda a entender melhor os sinais dos tempos e os ensinamentos verdadeiros de Jesus.
- A Prática do Bem: Quem verdadeiramente busca o caminho espiritual genuíno deve sempre focar em ações que promovam o bem, o amor e a caridade. Os falsos profetas se afastam desses princípios e, com o tempo, suas ações acabam revelando sua verdadeira natureza.
- O Discernimento Moral: Como nos alerta a passagem evangélica, devemos estar atentos aos “frutos” de cada líder espiritual ou movimento. Qual é o resultado de suas ações? Promovem a paz, a harmonia e o crescimento espiritual? Ou fomentam a divisão, o medo e a submissão cega?
- A Oração e a Vigilância: Jesus nos ensinou a orar e vigiar. A prece nos coloca em contato com as energias superiores e nos fortalece espiritualmente. Ao mesmo tempo, a vigilância nos mantém atentos às armadilhas do orgulho e da vaidade, que muitas vezes são exploradas pelos falsos profetas para seduzir seus seguidores.
Conclusão
Vivemos em uma era de grandes transformações e desafios espirituais. O alerta de Jesus sobre os falsos Cristos e falsos profetas é mais atual do que nunca. Precisamos desenvolver nossa capacidade de discernimento, fundamentada no estudo, na oração e na prática do bem, para que possamos identificar os verdadeiros mensageiros de Deus.
No Espiritismo, somos constantemente convidados a buscar a verdade, sempre com humildade e com o coração aberto para aprender. Que possamos, como recomendou o Mestre, conhecer a “árvore pelos seus frutos”, seguindo sempre os passos daqueles que promovem o amor, a caridade e a paz, as marcas inconfundíveis dos verdadeiros enviados do Alto.
Fonte:
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XXI: “Haverá Falsos Cristos e Falsos Profetas”. FEB (Federação Espírita Brasileira), 1864.
Bíblia Sagrada. Evangelho de Lucas, 6:43-45; Evangelho de Mateus, 7:15-20 e 24:4-24. Tradução de João Ferreira de Almeida.
XAVIER, Francisco Cândido (pelo Espírito Emmanuel). Caminho, Verdade e Vida. FEB, 1948. Reflexões sobre o discernimento espiritual.
VIEIRA, Waldo (pelo Espírito André Luiz). Nos Domínios da Mediunidade. FEB, 1955. Capítulo sobre as influências espirituais e a erraticidade.
PEREIRA, Herculano. Os Falsos Profetas da Era Moderna. FEB, 1972. Análise sobre os movimentos religiosos contemporâneos e o papel do discernimento espírita.
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