Obediência, Resignação e a Cólera

Obediência e Resignação: Caminhos para o Progresso Espiritual

Nos ensinamentos de Jesus, dois pilares fundamentais para o crescimento espiritual são destacados: a obediência e a resignação. Muitas vezes mal compreendidas, essas virtudes são frequentemente associadas à passividade, mas, de acordo com os princípios espíritas, elas são forças ativas na superação das provações e desafios da vida.

A obediência, conforme o texto de Lázaro, é o consentimento da razão, ou seja, a aceitação consciente das leis divinas e dos ensinamentos que nos guiam rumo ao progresso. Por outro lado, a resignação é o consentimento do coração, a aceitação dos desígnios de Deus com serenidade e confiança. Ambas as virtudes andam de mãos dadas com a doçura e exigem esforço, pois não é fácil carregar o fardo das provações com tranquilidade, especialmente quando a revolta e o orgulho se insinuam.

Lázaro destaca que Jesus foi o exemplo máximo dessas virtudes, vindo à Terra num momento de grande decadência moral e espiritual. Ele trouxe a luz do sacrifício e da renúncia, mostrando que o verdadeiro caminho do progresso está na submissão às leis divinas e no abandono do egoísmo e da vaidade. Em nosso tempo, marcado pela intensa atividade intelectual e pelo progresso tecnológico, somos chamados a harmonizar esses avanços com o desenvolvimento moral e espiritual.

O espírita é convocado a submeter-se à “grande lei do progresso”, trabalhando não apenas para seu próprio bem, mas para o bem da coletividade, com obediência aos ensinamentos divinos e resignação diante dos desafios. Afinal, como bem nos alerta o texto, toda resistência orgulhosa será vencida cedo ou tarde. A verdadeira felicidade está reservada para aqueles que, com humildade, se submetem às leis de Deus.

A Cólera: Um Obstáculo ao Progresso Espiritual

Se a obediência e a resignação são caminhos para a evolução, a cólera surge como um grande obstáculo. O orgulho ferido, como descrito pelo espírito protetor, é a raiz da cólera, levando o indivíduo a reações descontroladas e destrutivas. Quando o homem se considera superior aos seus semelhantes e se irrita diante da menor contradição, ele dá lugar à ira, que o afasta da serenidade e da razão.

A cólera é comparada a um “acesso de demência passageira”, em que o ser humano perde o controle de si mesmo e age de forma irracional. Esse comportamento não apenas afeta a saúde física e emocional daquele que se deixa dominar por esse sentimento, mas também prejudica os que estão ao seu redor. Aquele que se encoleriza causa sofrimento às pessoas que mais ama e, em momentos de fúria, pode cometer atos dos quais se arrependerá pelo resto da vida.

O espírita, em particular, é chamado a lutar contra a cólera, pois ela é contrária às virtudes fundamentais do Cristianismo, como a caridade e a humildade. A prática da paciência e da indulgência é um dever para aquele que busca a elevação espiritual. Além disso, é importante reconhecer que a cólera não resolve os problemas, mas apenas gera mais sofrimento. Como ensina o espírito protetor, o verdadeiro progresso moral passa pelo esforço contínuo em dominar as próprias paixões, especialmente aquelas que nos afastam do amor ao próximo.

A Superação do Orgulho e da Cólera pelo Amor e pela Humildade

Os textos extraídos do Evangelho Segundo o Espiritismo nos convidam a uma profunda reflexão sobre as virtudes da obediência e da resignação, e sobre o perigo da cólera. A obediência e a resignação são caminhos que nos aproximam de Deus, enquanto a cólera, alimentada pelo orgulho, nos distancia da verdadeira paz interior e do amor ao próximo.

O espírita deve sempre se lembrar de que a evolução espiritual exige esforço, vigilância e autodomínio. Ao cultivar a obediência às leis divinas e a resignação diante das dificuldades, e ao combater o orgulho e a cólera, avançamos na nossa jornada espiritual, contribuindo para a nossa própria felicidade e para o bem-estar daqueles que nos cercam. Que possamos seguir o exemplo de Jesus, na prática do amor, da humildade e da caridade, em busca de um mundo mais justo e fraterno.